sexta-feira, julho 30, 2004

NO TEU OLHAR

No teu olhar


O teu simples olhar
me preenche
e me trás de volta o amor sem barreiras
quando o tempo era meu
e era teu
quando o mundo parava pra nós
e amor, era amar-nos de mil maneiras

E o tempo passou
Passou para os dois
Mas o teu olhar encontro e depois
Depois me recordo do tempo em que os dois
Em casa, na rua
No chão sem lençóis
Juntamos num só, o amor de nós dois

A distância, separa
de mim teu olhar
mas dentro, gravado no meu coração
tenho este amor
que me há-de levar
á casa, à rua e ao mesmo chão
vencer a distância na nossa união


para ti Beta

Artur Manuel Gonçalves Lopes Zurich-21-05-04



terça-feira, julho 27, 2004

IMAGINAÇÃO


imaginação Posted by Hello

...e eu acabei a falar sozinho.

(já compreendem porque me senti estúpido ontem ?)



segunda-feira, julho 26, 2004

TESTAMENTO DE MENDIGO




Agora no fim da vida
como mendigo que sou,
me sinto preocupado,
intrigado,
e num momento,
me pergunto
embaraçado,
se faço ou não testamento ?

Não tendo
como não tenho
e nunca tive ninguêm,
pra quem é que vou deixar
tudo o que tenho:
os meus bens ?

Pra quem é que eu vou deixar
se fizer um testamento,
minhas calças remendadas,
meu céu, minhas estrelas,
que me não canso de vê-las
quando ao relento deitado,
deixo o olhar perdido,
distante, no firmamento ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minha camisa rasgada,
e as águas dos rios, dos lagos,
águas correntes, paradas,
onde,ás vezes tomo banho ?

Pra quem vou eu deixar,
se eu fizer um testamento,
os meus bandos de pardais
que ao entardecer,
nas árvores,
brincando de esconde-esconde
procuram se divertir ?

Pra quem eu vou deixar
estas folhas de jornais
que uso pra me cobrir ?

Pra quem eu vou deixar,
se fizer um testamento,
vaga-lumes que em rebanhos
cercam meu corpo de noite,
quando o verão é chegado ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar,
mendigo assim como sou,
todo o ouro que me dá
o sol que vejo nascer
quando acordo na alvorada ?
O sol que seca meu corpo
que o orvalho da madrugada
com sua carícia,
molhou ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar
meu chapéu todo amassado,
onde escuto o tilintar,
das moedas que me dão,
os que têm a alma boa,
os que têm bom coração ?

Pra quem eu vou deixar,

 antes que  a vida me largue,  
o grande stock que tenho

das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem vou eu deixar,
se fizer um testamento,
todas as folhas de Outono
que, trazidas pelo vento
vêm meus pés atapetar ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minhas sandálias furadas,
que pisaram mil caminhos,
cheias de pó das estradas,
estradas por onde andei
em andanças vagabundas ?

Pra quem vou deixar
minhas saudades profundas
dos sonhos que não sonhei ?

Se eu fizer um testamento
pra quem vou eu deixar
meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
que uma criança deixou
em meu rosto perguntando
se eu era papai noel ?

Pra quem vou deixar,
se fizer um testamento
este pedaço de trapo
que no lixo encontrei
e que transformei em lenço
para enxugar minhas lágrimas,
quando fingi que chorei ?

Pra quem é que vou deixar,
se eu fizer um testamento
os bancos destes jardins
onde durmo e onde acordo
entre rosas e jasmins ?

Pra quem vou deixar,
todos os raios de luar
que me beijam cada mão
quando, num canto da rua
eu as ergo em oração ?

Se eu fizer um testamento...
testamento não farei!
desses de papel passado,
que papeis eu não ligo,
agora estou resolvido :
O que tenho deixarei
na situação em que estou,
pra qualquer outro mendigo,
rogando a Deus que o faça,
depois que eu tenha morrido 
ser tão feliz como eu sou! 

 

URBANO REIS

(agradeço ao sr. Carlos Gomes e sra Vera Roglio)

 

 

 

 



palavras soltas

 

a nossa capacidade de duvidar devia por si só
tirar-nos muitas dúvidas.

                 ---

...estou a precisar de uma dose involuntária de loucura
que me permita ser um louco voluntário!!
(loucura=liberdade=felicidade)

                 ---

Ai, desta prisão, todos temos a chave
mas ninguêm consegue (ou quer ?) abrir as portas

(vocês sabem o que è ? respondam)

                  ---

bem e agora quero deixar aqui e para terminar esta perola que ouvi em Itàlia aqui á dias, e que se adapta bem a alguns bloguistas :):) :

um homem deve casar, pois existem coisas das quais não é possivel culpar o governo.

(juro que eu não sou machista, hi hi:))

 

 
                    

 


sexta-feira, julho 23, 2004

zurique á meia noite

É triste Zurique á meia noite, estou só...
É distante Vila Real a qualquer hora, estou só...

(á Beta, á ana e Pedro: Amo-te bichito e a vocês os dois pequerruchos)

QUESTÃO DE SIMPATIA

sempre que visito um novo blog, gosto de deixar um comentário, e o primeiro tento que seja sempre simpático, e que estimule a continuar (mas sem mentir); já a seguir nas outras visitas os comentários são mais objectivos e tento ser o mais sincero possivel, nem que para isso tenha de dizer mal do texto e do próprio blog, e espero que o façam também comigo pois a maior mostra de simpatia entre pessoas que comunicam entre si, mas , que não se conhecem- como é o caso dos blogs - é ser sinceras umas com as outras


carta a uma excelência

Como Portugal continua a ser um pais em que a politica cultural está entregue a meia dúzia de pessoas de espirito pedante e retrógrado, eu vou a seguir transcrever aqui uma carta de Camilo Castelo Branco ao Sr. Dr. conselheiro Adrião Pereira Forjaz de Sampaio, que á altura em que esta foi escrita era director na universidade de Coimbra; Passados 140 anos os nossos escritores, poetas, e outros criadores, ainda têm que enfrentar os
Doutores Adriôes deste pais.

                                       "exmo. sr. Doutor conselheiro
                                        Adrião Pereira F. de Sampaio

    Há coisa de seis dias que eu pernoitei na estalagem do lopes, em Coimbra...neste ponto, sacode V. Excia. os oculos na base do seu nariz sempre apontado á inspiração e diz: "a mim que me importa que este homem pernoitasse na estalagem do Lopes ou na do Carolo?!"
    Não importa nada, mas eu obedeço á costumeira de começar as histórias pelo principio.
    Estava eu , pois, lendo, no instituto, um artigo sobre um funeral, consagrado á memória do Sr. D. Pedro V, artigo coxo de gramática, o qual me disseram ser de V. Excia.  Não duvidei da autoriidade, nem descri da sinceridade da sua dor: coisa é ordinária, as grandes dores, reveladas pelos grandes gênios, fazerem á gramática o que um inferno em delirio faz à sua cobertura: esfarrapam-na. Fêz V. Excia. o elogio do seu coração com alguns erros que tornariam duvidosa a aprovação dum examinado em primeiras letras.  felix culpa!
    Estava eu, pois lendo o instituto, manancial da morfina, cujo veio mais copioso é V. Excia, quando me foi entregue um ofício, com um diploma de SÓCIO HONORÁRIO DO INSTITUTO DE COIMBRA.
    Li o latim do papel em estremeções de júbilo! A glória, o que faz a glória nos nervos de gente sensível, Exmo. Sr.!
    Na orla do diploma, buscando eu nomes, que entalhar no coração reconhecido, achei o de V. Excia., e ...beijei-o! Já é!...Beijei-o, em toda a sua latitude, desde o Adrianus até ao Proesens! E esetava esculpindo na minha alma o nome querido de Adrião, quando um amigo, presente aos meus transportes, pede a palavra, e tira do peito estas vozes memorandas:
    'Você foi proposto, há meses, sócio honorário do instituto; quando, porém, a proposta havia de ser votada, o Sr. Conselheiro Adrião disse que era indignidade dar diploma de sócio do instituto a um homem, que estava preso (caso Ana Plácido-N. do A.) ; acrescentou, todavia, que provada a sua inocência, então se lhe daria o diploma. Saiu você da prisão, e foi votada a proposta. Apareceram na sua votação vinte favas brancas, e cinco pretas; e destas a primeira, a mais preta, lançou-lha o Doutor Adrião. Sem embargo,
está você sócio honorário do instituto. Vinte votos o vingaram da vilania de cinco. Era necessário remeter-lhe o com um ofício. Fez o secretário o ofício, e deu-lhe o tratamento de excelência que o instituto dá a toda a gente. Foi o oficio á assinatura do presidente, e este rasgando o oficio em dois, escreveu á margem de um: Não tem excelência nem senhoria o sócio. Fez-se nôvo oficio, amputada a Excelência, e ele aqui está com a assinatura do presidente. Disse'
    Esta história boliu comigo,  Sr. Doutor conselheiro! A minha tola vaidade, que se ia marinhando ao alto das mentirosas gloríolas deste mundo, desandou, e veio ao raso da lama, onde V. Excia. sujou a fava, que me atirou aos calcanhares.
    Que mal tinha feito eu a V. Excia., que eu escarssamente conhecia de uma parvoiçada de maravalhas económicas postas em compêndio docente na universidade de Coimbra?!-(N. do A. -publicações do Dr. Adrião-estatistica e elementos de economia politica- lente  dessa disciplina) - Haverá nalgum dos meus romances um personagem grotesco, chamado Adrião?!  Terei eu apanhado sem querer, o Sr. Doutor em algum ridiculo da sua individualidade? Contaria eu, em estilo facêto, a corrida da pedra, ou de pugilato, que vários estudantes lhe deram no jardim botânico?! Não, palavra que não! Nem falei dos compêndios, nem nas pedradas, nem no pugilato, nem em V. Excia. que me lembre, sr. Adrião!
    Quedei-me a pensar uma noite, sempre com a fava negra de V. Excia. a pesar-me primeiro no coração, depois no diafragma, depois nos intestinos subjacentes por sua ordem descendente, até que a digestão da afronta se consumou. Desentalei-me. Agora posso plácidamente dizer a V. Excia. que respeito a sua mágoa de me ver sócio do instituto contra a sua vontade. Os pesares, ainda que mesmo injustos, do meu semelhante, imponho-me a remediá-lo, dado ainda qeu neste esforço de caridade disponha muito da minha vaidade e filáucia. Ai está a razão por que eu devolvo a V. Excia. o diploma que recebi de sócio do instituto conimbricense. não quero isto, á custa do desgosto de V. Excia.  Aí renuncio em suas mãos este papelucho querido, que V. Excia. que dará ao seu menino mais novo para ele fazer um bote ou um chapéu de dois bicos.
    Agora, palavra e meia no que toca á excelência que o Sr. Dr. me borrou. Eunão sei quem V. Excia. é , nem quem foi seu quarto avô. Quer-me parecer, porêm, que se as raças, no limiar dos séculos se afinam e espiritualizam, o quarto avô de V.Excia. devia de ser um enxovedo prodigioso, atendendo ao muito que os séculos tiveram que desbastar até ao seu quarto neto, de V. Excia.
    Não curo disso: o que eu hei é de esmiuçar-lhe a fidalguia da sua inteligência numas alcofas de farrapagens que por ai bóiam à tona do escoadouro das toleimas impressas. Aì é que eu hei de provar, queredo Deus, que V. Excia. não poderia ser sócio de coisa nenhuma literária; e V. Excia. em despique, veja se me dá cabo da senhoria
    A meu ver, V. Excia. não é escorreito; razão de mais para que eu me ufane em assinar-me de V. Excia. ex. sóciio do instituto."

    FAZ FALTA OUTRO CAMILO



quinta-feira, julho 22, 2004

Abril

  
  
  
 
Abril chegou,
-desejo-te !...
diz o vento á rosa !

(citação)

TU

  
  
 
Teu abraço me estreita,aperta...liberta
Tua mão me agarra,aperta...liberta
Teu corpo me envolve,aperta...liberta
 
 
 
 
Artur Lopes  Zurich,qualquer noite de 2004

(des)graça

 
Engraçado!
Achar graça,a toda esta desgraça!
Que graça tem a desgraça,
Pra se lhe achar tanta graça?
Da desgraça se faz graça
No meio desta desgraça!
Já nem tem graça,engraçado!
Mas para nossa desgraça
Ai vem mais uma graça
A desfazer da desgraça...
Desgraçados somos nós
Que por ser desengraçados
Usamos os desgraçados
Pra tentar ser engraçados,
Engraçado?...
achar graça,a toda esta desgraça?
Mas lá vem mais uma graça
Que fala de uma desgraça
De uma pessoa engraçada
Mas que caiu em desgraça
Se tornou um desgraçado
Sabe-se lá porque graça...
Tem graça,tem mesmo graça
Pois o pobre desgraçado
É do sr.Graça afilhado
Graças a isso ai está
Por mais que caia em desgraça
Nunca perderá a graça
E “Graça”sempre terá
 
Artur Lopes,Zurich em quaquer dia de 2001

Perdão

 
  
  
 
Pedir perdão
Porquê?
 
Pedir perdão
A quem?
 
Qual o erro?
Qual pecado?
Que quero
 ver perdoado?
 
Quem quero
Que me perdoe?
Quero ou não
Ser perdoado?
 
Estarei arrependido
Para querer ser perdoado?
Ou estarei  a ser fingido
Para ver se sou amado?
 
(quem ama perdoa) 
  
  
  
  
A L   20-05-2003 

sonhos

  
  
 
Parco de palavras
Actos outros tantos
Pródigo de sonhos
Projectos e encantos
 
Sonhos banais
Outros transcendentes
corre neles pla vida
Como correm plo céu
as estrelas cadentes
 
Sonhos de amor
Sonhos de paixão
 São alegria, são dor
São a luz guia
do meu coração 
  
 

Zurich-26-05-2004
 
A cont.

A TI COMPANHEIRA

  
  
 
Se eu soubesse escrever qualquer coisa de bonito
Era só pra te dizer, que o meu amor por ti
É o Deus em que acredito

Mas como eu o não sei, para to poder mostrar
Abro-te meu coração, onde tenho teu amor
Como um Deus em seu altar
 
 
Artur Lopes, zurich
04 de Junho de 2004

(para ti Beta)

domingo, julho 18, 2004

a valsa dos amantes

valsa dos amantes

1
há um sorriso pequeno nos labios que amei
faz tempo que te não via e ao ver-te pensei
estás mudada, estou mudado
e dos jovens que um dia se amaram nasceu este fado
2
há um sorriso pequeno no homem que eu sou
iniciamos o amor quando o amor nos chegou
não me esqueço, não te equeças
que inocentes,escondidos,escondemos
o amor feito as pressas
3
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim
4
há um sorriso pequeno nos olhos dos dois
há uma làgrima triste que existe depois
fico a espera,estás a espera
mas a voz não se atreve e uma lagrima em mim desespera
5
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim 
 
JORGE FERNANDO