sábado, novembro 06, 2004

PALAVRAS GASTAS

De tudo ...
ficam as palavras
De tudo ...
ficam os sonhos

quando tudo se vai
quando tudo se perde
quando os gritos se esgotam
no fundo das gargantas doridas
e o sangue seca nas “feridas”...

De tudo ...
ficam as palavras
De tudo ...
ficam os sonhos

quando tudo se vai
quando se esgotam sentimentos
quando estes são reprimidos
e tudo em nós são lamentos
gritos plos sonhos perdidos…

De tudo ...
ficam as palavras
De tudo ...
ficam os sonhos

...secas palavras na boca
...húmidas lágrimas nos olhos
.
.
.
Artur Lopes, fins de Outubro , 2004

domingo, outubro 24, 2004

AMOR SIMPLESMENTE

Destemido,
deslumbrante
descendo...
passos firmes
na linha do horizonte
galgando o infinito
desde o negro firmamento

desfaz equívocos
perdoa injustiças
desliza entre sentidos
de imperfeições
entra em desencontros,
recupera emoções

não tem barreiras
desliza destemido
em passos firmes
desde o infinito,
chega em silêncio
explode num grito...
...o amor
.
.
.
Artur lopes, Vila Real 23 de Outubro de 2004

segunda-feira, outubro 18, 2004

AMANTES

Contra o tempo
e a corrente
só teu toque
um beijo ardente

entre dedos enlaçados
e palavras murmuradas
chegam teus beijos molhados
de amantes enamorados

carícias
gestos
olhares
desafiam preconceitos
teus cabelos no meu rosto
os meus lábios nos teus peitos

caminhando lado a lado
cai com a chuva a promessa
de ter teu corpo molhado...
carícias
toques
beijos
...e roupa tirada á pressa

entre o desejo e o querer
tremo...
e os movimentos de amor
...gemo...
entre explosões de prazer
...grito
sinto amante o teu sabor


Artur Lopes, 18 outubro de 2004

sexta-feira, outubro 01, 2004

DESPEDIDA

Construí para nós
um leito de palavras,

cobri nossos corpos
com lençois de ternura,

almofadas de carinho,
pra repousares sorrindo
teu olhar - essa doçura


levei meu amor
dentro do teu sonho

em palavras loucas
disse os meus desejos

pedi o teu corpo
cobri-o de beijos


mas ... cruel o destino
não posso ficar

trazer-te do sonho
viver para te amar

e ao dizer adeus
lágrimas de saudade

correm do desejo
do amor de verdade



Artur Lopes , 1 de Outubro de 2004-Zurich

sábado, setembro 25, 2004

ENCONTRO

Os pensamentos
saem desordenados

percorrem o caminho
na insaciável procura

na busca do gesto,
do toque, da ternura

olho duas lágrimas
que me falam de ti

não, não são de tristeza
contam-me uma história

seco-as com beijos
e entro com elas
na tua memória

e encontro nela
desejos e sonhos
que eu nunca vi

um fogo, uma vida
que já mais senti

deixaste-me entrar
decifrar teus segredos

abrir pouco a pouco
um espaço pra mim

e deixar meu amor
expulsar os teus medos


nunca ...nunca partirei...contigo para sempre

Artur Lopes 25 de Setembro -- Zurique

quarta-feira, setembro 22, 2004

"EXPLOSÃO"

Nem uma folha mexe nas árvores
Da janela olho
O azul do céu que
Contrasta com o cinzento de meu interior….
A tensão está ao máximo… qualquer coisa tem que
Acontecer… dentro da cabeça
A confusão não me deixa controlar meus pensamentos
…aqui no quarto a música parece que está a chegar do
Outro lado da terra
… eu espero a “explosão” a qualquer momento
Os dedos deslizam como algo sem vida sobre as teclas
Também eles esperam algo…
Até as sombras parece que aguardam atentas
Tudo em espera, a expectativa faz vibrar o ar
…. Só falta mesmo a “agulha” que fure o “balão”
… Sinto que vai acontecer … tem que acontecer
…quero a explosão …quero ver soltarem-se as palavras
E que arrastem com elas todos estes sentimentos …
Confusos, recalcados… vê-las, voar em todas as direcções
Transportar todo o tipo de emoções…
Quero sentir a pressão diminuir....
A música já não se sente , as sombras desapareceram ,
Os dedos pararam …
…perder, sentir, andar, saltar, corro, espero, tudo, nada,
vida, sentido, amar, perdido, sorriso, ganhar, chorar
….e mais, mais, maaaiiis…ufffffffffffffffffffffffffffff



( ...desculpem eu vir para aqui descarregar a tensão, mas não têm sido dias fáceis...)

Artur Lopes 22 de Setembro 2004 -Zurich


sábado, setembro 18, 2004

RENASCER ou "the grey smoke"

When the day becomes longer – it makes us laugh,
The coming night absolutely holds the sunshine,
we only see the black hole in the space,
Inside it – only the yellow siluated human being
With burning sides,
the grey smoke is rising,
The man moves his stoned leg
The big ball of dust rises,
A pink rose siluet is seen
The symbol of reality,
But it fades soon,
Reality runs away from stoned figure of that man
The big sound is heard,
Everything disappears
But the silent and simple side of human being
Remains for ages…



NERCE

sexta-feira, setembro 17, 2004

OLÁ AMIGOS

antes de mais e de começar a escrever novamente, gostava de pedir desculpa a todos os amigos bloguistas que me têm visitado, pois até hoje e desde que regressei de férias tem sido muito complicado arranjar tempo para publicar ou mesmo visitar os blog dos amigos...espero poder começar a faze-lo regularmente a partir de hoje, assim deixo aqui em baixo o poema escrito por uma amiga e vou visitar um a um todos vocês ...muito obrigado e desculpem

ARTUR

sábado, agosto 14, 2004

EMBRIAGUEZ

bebi cada uma das tuas palavras
até me sentir embriagado

uma a uma acariciei
uma a uma saboreei

passei plos lábios cada silaba
toquei letra por letra

fui deixando que cada uma
me levasse um pouco dos sentidos

até só elas existirem
até que só elas prevaleçeram
em cada celula do meu corpo

uma por uma me guiou
uma por uma me abriu tuas portas

uma por uma me levou a ti
uma por uma me abriu teu corpo

uma a uma me ofereceu teus seios
uma a uma me fez descer
em beijos ao ardente desejo de teu ventre

embriaguei-me em tuas palavras
uma por uma
uma por uma segui até dentro de ti


Artur Lopes Vila Real, 12 -08-2004

sexta-feira, agosto 13, 2004

YOU

You look and go to the horizonts,
You glance there and climb up,
You go only there and You are only here,
You do not have any limits, - You are good without them,
You are better and go behind them,
You go by path, a small path,
Just only You know, where they could be,
Being among them, You become a man,
Being inside them, You create Yourself,
Being just Yourself, You are not You at all,
Being not Yourself, - You just look back,
By returning back, You soon find the words,
While pronouncing them, You just do it in Your own old way,
While You find some new things, You return back,
And You see that You is not You at all...

Neringa , somewhere in Lithuania, 3 years before

domingo, agosto 08, 2004

SONHO

...ah, despertei
estou aqui, e o sonho?
onde o deixei?

é tão bom sonhar
mas chega o momento
quando junto a ti
quero despertar...

sonhei e subi
o sonho me levou
acordei e caí
mas estavas aqui
teu amor me salvou


(não me interessa que não sejam palavras bonitas
porque são palavras sentidas...Obrigado)

quinta-feira, agosto 05, 2004

Porquê?

Estou em baixo, sinto-me tão em baixo!!!
Porquê que a vida nos faz isto...?


Vila Real, 5-08-2004 23:00

quarta-feira, agosto 04, 2004

A UMA "HEROINA"

QUAL IMAN POTENTE
ATRAINDO O FERRO
PLANETA AZUL
ATRAINDO A LUA

QUAL REMOINHO
QUE TUDO DEVORA
ASSIM TU ME ATRAIS
ME DESTROIS HORA A HORA

QUAL TOLO INSECTO
RODANDO A LUZ TRÊMULA
NUMA RODA LOUCA
QUE O LEVA Á MORTE
ASSIM TU ME TRAZES
NUMA VIDA INSANA
RODANDO SEM RUMO
ATÉ TER TAL SORTE

QUAL BURACO NEGRO
ONDE NADA EXISTE
MESA SEM PÃO
NUM LAR POBRE E TRISTE
QUAL FONTE SEM ÁGUA
NUM MÊS DE VERÃO

ASSIM ESTÁ MEU SER
ESTÁ MEU CORAÇÃO
SEM AMOR, SEM ÓDIO
OU OUTRA EMOÇÃO


(ARTUR LOPES - espero que nunca tenham tido uma "heroina" assim...)

terça-feira, agosto 03, 2004

SONHO

FECHO OS OLHOS
OIÇO PALAVRAS
QUE NUNCA DISSE
HUMEDECEM-ME OS LÁBIOS
BEIJOS QUE NUNCA DEI
SINTO APERTAREM
MEUS BRAÇOS
CORPOS
QUE EU NUNCA TOQUEI
SINTO ESTREMECER
MEU PEITO
POR MULHERES
QUE NÃO AMEI
...ESTREMEÇO
ABRO OS OLHOS
ENVOLVO-TE
NO MEU ABRAÇO
E DIGO O QUANTO TE AMO
COM OS MEUS LÁBIOS MOLHADOS
PELOS TEUS, QUANDO OS BEIJEI




PS: É tão bom acordar ao teu lado










sexta-feira, julho 30, 2004

NO TEU OLHAR

No teu olhar


O teu simples olhar
me preenche
e me trás de volta o amor sem barreiras
quando o tempo era meu
e era teu
quando o mundo parava pra nós
e amor, era amar-nos de mil maneiras

E o tempo passou
Passou para os dois
Mas o teu olhar encontro e depois
Depois me recordo do tempo em que os dois
Em casa, na rua
No chão sem lençóis
Juntamos num só, o amor de nós dois

A distância, separa
de mim teu olhar
mas dentro, gravado no meu coração
tenho este amor
que me há-de levar
á casa, à rua e ao mesmo chão
vencer a distância na nossa união


para ti Beta

Artur Manuel Gonçalves Lopes Zurich-21-05-04



terça-feira, julho 27, 2004

IMAGINAÇÃO


imaginação Posted by Hello

...e eu acabei a falar sozinho.

(já compreendem porque me senti estúpido ontem ?)



segunda-feira, julho 26, 2004

TESTAMENTO DE MENDIGO




Agora no fim da vida
como mendigo que sou,
me sinto preocupado,
intrigado,
e num momento,
me pergunto
embaraçado,
se faço ou não testamento ?

Não tendo
como não tenho
e nunca tive ninguêm,
pra quem é que vou deixar
tudo o que tenho:
os meus bens ?

Pra quem é que eu vou deixar
se fizer um testamento,
minhas calças remendadas,
meu céu, minhas estrelas,
que me não canso de vê-las
quando ao relento deitado,
deixo o olhar perdido,
distante, no firmamento ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minha camisa rasgada,
e as águas dos rios, dos lagos,
águas correntes, paradas,
onde,ás vezes tomo banho ?

Pra quem vou eu deixar,
se eu fizer um testamento,
os meus bandos de pardais
que ao entardecer,
nas árvores,
brincando de esconde-esconde
procuram se divertir ?

Pra quem eu vou deixar
estas folhas de jornais
que uso pra me cobrir ?

Pra quem eu vou deixar,
se fizer um testamento,
vaga-lumes que em rebanhos
cercam meu corpo de noite,
quando o verão é chegado ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar,
mendigo assim como sou,
todo o ouro que me dá
o sol que vejo nascer
quando acordo na alvorada ?
O sol que seca meu corpo
que o orvalho da madrugada
com sua carícia,
molhou ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar
meu chapéu todo amassado,
onde escuto o tilintar,
das moedas que me dão,
os que têm a alma boa,
os que têm bom coração ?

Pra quem eu vou deixar,

 antes que  a vida me largue,  
o grande stock que tenho

das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem vou eu deixar,
se fizer um testamento,
todas as folhas de Outono
que, trazidas pelo vento
vêm meus pés atapetar ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minhas sandálias furadas,
que pisaram mil caminhos,
cheias de pó das estradas,
estradas por onde andei
em andanças vagabundas ?

Pra quem vou deixar
minhas saudades profundas
dos sonhos que não sonhei ?

Se eu fizer um testamento
pra quem vou eu deixar
meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
que uma criança deixou
em meu rosto perguntando
se eu era papai noel ?

Pra quem vou deixar,
se fizer um testamento
este pedaço de trapo
que no lixo encontrei
e que transformei em lenço
para enxugar minhas lágrimas,
quando fingi que chorei ?

Pra quem é que vou deixar,
se eu fizer um testamento
os bancos destes jardins
onde durmo e onde acordo
entre rosas e jasmins ?

Pra quem vou deixar,
todos os raios de luar
que me beijam cada mão
quando, num canto da rua
eu as ergo em oração ?

Se eu fizer um testamento...
testamento não farei!
desses de papel passado,
que papeis eu não ligo,
agora estou resolvido :
O que tenho deixarei
na situação em que estou,
pra qualquer outro mendigo,
rogando a Deus que o faça,
depois que eu tenha morrido 
ser tão feliz como eu sou! 

 

URBANO REIS

(agradeço ao sr. Carlos Gomes e sra Vera Roglio)

 

 

 

 



palavras soltas

 

a nossa capacidade de duvidar devia por si só
tirar-nos muitas dúvidas.

                 ---

...estou a precisar de uma dose involuntária de loucura
que me permita ser um louco voluntário!!
(loucura=liberdade=felicidade)

                 ---

Ai, desta prisão, todos temos a chave
mas ninguêm consegue (ou quer ?) abrir as portas

(vocês sabem o que è ? respondam)

                  ---

bem e agora quero deixar aqui e para terminar esta perola que ouvi em Itàlia aqui á dias, e que se adapta bem a alguns bloguistas :):) :

um homem deve casar, pois existem coisas das quais não é possivel culpar o governo.

(juro que eu não sou machista, hi hi:))

 

 
                    

 


sexta-feira, julho 23, 2004

zurique á meia noite

É triste Zurique á meia noite, estou só...
É distante Vila Real a qualquer hora, estou só...

(á Beta, á ana e Pedro: Amo-te bichito e a vocês os dois pequerruchos)

QUESTÃO DE SIMPATIA

sempre que visito um novo blog, gosto de deixar um comentário, e o primeiro tento que seja sempre simpático, e que estimule a continuar (mas sem mentir); já a seguir nas outras visitas os comentários são mais objectivos e tento ser o mais sincero possivel, nem que para isso tenha de dizer mal do texto e do próprio blog, e espero que o façam também comigo pois a maior mostra de simpatia entre pessoas que comunicam entre si, mas , que não se conhecem- como é o caso dos blogs - é ser sinceras umas com as outras


carta a uma excelência

Como Portugal continua a ser um pais em que a politica cultural está entregue a meia dúzia de pessoas de espirito pedante e retrógrado, eu vou a seguir transcrever aqui uma carta de Camilo Castelo Branco ao Sr. Dr. conselheiro Adrião Pereira Forjaz de Sampaio, que á altura em que esta foi escrita era director na universidade de Coimbra; Passados 140 anos os nossos escritores, poetas, e outros criadores, ainda têm que enfrentar os
Doutores Adriôes deste pais.

                                       "exmo. sr. Doutor conselheiro
                                        Adrião Pereira F. de Sampaio

    Há coisa de seis dias que eu pernoitei na estalagem do lopes, em Coimbra...neste ponto, sacode V. Excia. os oculos na base do seu nariz sempre apontado á inspiração e diz: "a mim que me importa que este homem pernoitasse na estalagem do Lopes ou na do Carolo?!"
    Não importa nada, mas eu obedeço á costumeira de começar as histórias pelo principio.
    Estava eu , pois, lendo, no instituto, um artigo sobre um funeral, consagrado á memória do Sr. D. Pedro V, artigo coxo de gramática, o qual me disseram ser de V. Excia.  Não duvidei da autoriidade, nem descri da sinceridade da sua dor: coisa é ordinária, as grandes dores, reveladas pelos grandes gênios, fazerem á gramática o que um inferno em delirio faz à sua cobertura: esfarrapam-na. Fêz V. Excia. o elogio do seu coração com alguns erros que tornariam duvidosa a aprovação dum examinado em primeiras letras.  felix culpa!
    Estava eu, pois lendo o instituto, manancial da morfina, cujo veio mais copioso é V. Excia, quando me foi entregue um ofício, com um diploma de SÓCIO HONORÁRIO DO INSTITUTO DE COIMBRA.
    Li o latim do papel em estremeções de júbilo! A glória, o que faz a glória nos nervos de gente sensível, Exmo. Sr.!
    Na orla do diploma, buscando eu nomes, que entalhar no coração reconhecido, achei o de V. Excia., e ...beijei-o! Já é!...Beijei-o, em toda a sua latitude, desde o Adrianus até ao Proesens! E esetava esculpindo na minha alma o nome querido de Adrião, quando um amigo, presente aos meus transportes, pede a palavra, e tira do peito estas vozes memorandas:
    'Você foi proposto, há meses, sócio honorário do instituto; quando, porém, a proposta havia de ser votada, o Sr. Conselheiro Adrião disse que era indignidade dar diploma de sócio do instituto a um homem, que estava preso (caso Ana Plácido-N. do A.) ; acrescentou, todavia, que provada a sua inocência, então se lhe daria o diploma. Saiu você da prisão, e foi votada a proposta. Apareceram na sua votação vinte favas brancas, e cinco pretas; e destas a primeira, a mais preta, lançou-lha o Doutor Adrião. Sem embargo,
está você sócio honorário do instituto. Vinte votos o vingaram da vilania de cinco. Era necessário remeter-lhe o com um ofício. Fez o secretário o ofício, e deu-lhe o tratamento de excelência que o instituto dá a toda a gente. Foi o oficio á assinatura do presidente, e este rasgando o oficio em dois, escreveu á margem de um: Não tem excelência nem senhoria o sócio. Fez-se nôvo oficio, amputada a Excelência, e ele aqui está com a assinatura do presidente. Disse'
    Esta história boliu comigo,  Sr. Doutor conselheiro! A minha tola vaidade, que se ia marinhando ao alto das mentirosas gloríolas deste mundo, desandou, e veio ao raso da lama, onde V. Excia. sujou a fava, que me atirou aos calcanhares.
    Que mal tinha feito eu a V. Excia., que eu escarssamente conhecia de uma parvoiçada de maravalhas económicas postas em compêndio docente na universidade de Coimbra?!-(N. do A. -publicações do Dr. Adrião-estatistica e elementos de economia politica- lente  dessa disciplina) - Haverá nalgum dos meus romances um personagem grotesco, chamado Adrião?!  Terei eu apanhado sem querer, o Sr. Doutor em algum ridiculo da sua individualidade? Contaria eu, em estilo facêto, a corrida da pedra, ou de pugilato, que vários estudantes lhe deram no jardim botânico?! Não, palavra que não! Nem falei dos compêndios, nem nas pedradas, nem no pugilato, nem em V. Excia. que me lembre, sr. Adrião!
    Quedei-me a pensar uma noite, sempre com a fava negra de V. Excia. a pesar-me primeiro no coração, depois no diafragma, depois nos intestinos subjacentes por sua ordem descendente, até que a digestão da afronta se consumou. Desentalei-me. Agora posso plácidamente dizer a V. Excia. que respeito a sua mágoa de me ver sócio do instituto contra a sua vontade. Os pesares, ainda que mesmo injustos, do meu semelhante, imponho-me a remediá-lo, dado ainda qeu neste esforço de caridade disponha muito da minha vaidade e filáucia. Ai está a razão por que eu devolvo a V. Excia. o diploma que recebi de sócio do instituto conimbricense. não quero isto, á custa do desgosto de V. Excia.  Aí renuncio em suas mãos este papelucho querido, que V. Excia. que dará ao seu menino mais novo para ele fazer um bote ou um chapéu de dois bicos.
    Agora, palavra e meia no que toca á excelência que o Sr. Dr. me borrou. Eunão sei quem V. Excia. é , nem quem foi seu quarto avô. Quer-me parecer, porêm, que se as raças, no limiar dos séculos se afinam e espiritualizam, o quarto avô de V.Excia. devia de ser um enxovedo prodigioso, atendendo ao muito que os séculos tiveram que desbastar até ao seu quarto neto, de V. Excia.
    Não curo disso: o que eu hei é de esmiuçar-lhe a fidalguia da sua inteligência numas alcofas de farrapagens que por ai bóiam à tona do escoadouro das toleimas impressas. Aì é que eu hei de provar, queredo Deus, que V. Excia. não poderia ser sócio de coisa nenhuma literária; e V. Excia. em despique, veja se me dá cabo da senhoria
    A meu ver, V. Excia. não é escorreito; razão de mais para que eu me ufane em assinar-me de V. Excia. ex. sóciio do instituto."

    FAZ FALTA OUTRO CAMILO



quinta-feira, julho 22, 2004

Abril

  
  
  
 
Abril chegou,
-desejo-te !...
diz o vento á rosa !

(citação)

TU

  
  
 
Teu abraço me estreita,aperta...liberta
Tua mão me agarra,aperta...liberta
Teu corpo me envolve,aperta...liberta
 
 
 
 
Artur Lopes  Zurich,qualquer noite de 2004

(des)graça

 
Engraçado!
Achar graça,a toda esta desgraça!
Que graça tem a desgraça,
Pra se lhe achar tanta graça?
Da desgraça se faz graça
No meio desta desgraça!
Já nem tem graça,engraçado!
Mas para nossa desgraça
Ai vem mais uma graça
A desfazer da desgraça...
Desgraçados somos nós
Que por ser desengraçados
Usamos os desgraçados
Pra tentar ser engraçados,
Engraçado?...
achar graça,a toda esta desgraça?
Mas lá vem mais uma graça
Que fala de uma desgraça
De uma pessoa engraçada
Mas que caiu em desgraça
Se tornou um desgraçado
Sabe-se lá porque graça...
Tem graça,tem mesmo graça
Pois o pobre desgraçado
É do sr.Graça afilhado
Graças a isso ai está
Por mais que caia em desgraça
Nunca perderá a graça
E “Graça”sempre terá
 
Artur Lopes,Zurich em quaquer dia de 2001

Perdão

 
  
  
 
Pedir perdão
Porquê?
 
Pedir perdão
A quem?
 
Qual o erro?
Qual pecado?
Que quero
 ver perdoado?
 
Quem quero
Que me perdoe?
Quero ou não
Ser perdoado?
 
Estarei arrependido
Para querer ser perdoado?
Ou estarei  a ser fingido
Para ver se sou amado?
 
(quem ama perdoa) 
  
  
  
  
A L   20-05-2003 

sonhos

  
  
 
Parco de palavras
Actos outros tantos
Pródigo de sonhos
Projectos e encantos
 
Sonhos banais
Outros transcendentes
corre neles pla vida
Como correm plo céu
as estrelas cadentes
 
Sonhos de amor
Sonhos de paixão
 São alegria, são dor
São a luz guia
do meu coração 
  
 

Zurich-26-05-2004
 
A cont.

A TI COMPANHEIRA

  
  
 
Se eu soubesse escrever qualquer coisa de bonito
Era só pra te dizer, que o meu amor por ti
É o Deus em que acredito

Mas como eu o não sei, para to poder mostrar
Abro-te meu coração, onde tenho teu amor
Como um Deus em seu altar
 
 
Artur Lopes, zurich
04 de Junho de 2004

(para ti Beta)

domingo, julho 18, 2004

a valsa dos amantes

valsa dos amantes

1
há um sorriso pequeno nos labios que amei
faz tempo que te não via e ao ver-te pensei
estás mudada, estou mudado
e dos jovens que um dia se amaram nasceu este fado
2
há um sorriso pequeno no homem que eu sou
iniciamos o amor quando o amor nos chegou
não me esqueço, não te equeças
que inocentes,escondidos,escondemos
o amor feito as pressas
3
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim
4
há um sorriso pequeno nos olhos dos dois
há uma làgrima triste que existe depois
fico a espera,estás a espera
mas a voz não se atreve e uma lagrima em mim desespera
5
não penses que te vejo como outrora
a vida esgota a vida hora a hora
o tempo gasta o tempo e marca a gente
o espelho mostra como eu estou diferente
não estou novo não sou novo
mas não peças que a vida te apague do fundo de mim 
 
JORGE FERNANDO